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Guilherme Mentone de Oliveira – Engenheiro Agrônom

LIVE: Como a meteorologia te ajuda a economizar na pulverização?

No último 07 de maio realizamos uma live com o tema “Como a meteorologia te ajuda a economizar na pulverização?”. Trouxemos para discutir o assunto o Prof. Dr. Daniel Nassif, que é Doutor em Engenharia de Sistemas Agrícolas pela ESALQ/USP, atualmente docente da Universidade Federal de São Carlos e expert na área de agrometeorologia.


Separamos neste post 4 principais insights abordados na live. Confira!


1. Importância de um monitoramento meteorológico localizado


A informação é o diferencial dos melhores produtores. Uma safra de sucesso está diretamente relacionada a um bom planejamento, que saiba aproveitar oportunidades e minimizar riscos. Os dados meteorológicos coletados na fazenda fornecem um “ponto de partida” para decisões mais críticas no campo. Na aplicação de defensivos, por exemplo, o produtor precisa ter o melhor aproveitamento da janela de pulverização e para isso a coleta de dados no local é fundamental.


A estação meteorológica é um instrumento-chave para monitorar essas informações, pois mostra quais são as condições reais de campo, permitindo assim uma avaliação completa e confiável das condições ambientais do local.

No entanto, para que a informação chegue em tempo real e permita a tomada de decisão ágil, a estação precisa estar conectada à internet.


Monitoramento meteorológico Agrosystem: estações meteorológicas conectadas ao aplicativo AgrosystemCloud.


A Agrosystem tem mais de 30 anos de experiência em soluções para o monitoramento agrometeorológico. As estações meteorológicas DAVIS Instruments contam com um ótimo custo-benefício para a agricultura, além de ter seus dados integrados no aplicativo AgrosystemCloud. Esta solução conta com previsões do tempo localizadas que utilizam inteligência artificial e possuem alto índice de assertividade.


Embora muitos dados de estações meteorológicas estejam disponíveis de forma gratuita por meio de institutos de pesquisa - aqui destacam-se o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e INMET (Instituo Nacional de Meteorologia) - estas plataformas não substituem a necessidade de uma estação meteorológica na fazenda.


As condições atmosféricas da localidade das estações destes institutos podem não corresponder a realidade da fazenda a ser monitorada, diminuindo a confiabilidade da aplicação destes dados na tomada de decisão.


2. Influência das condições meteorológicas na pulverização


A atmosfera é um sistema dinâmico, ou seja, as condições de temperatura, vento, umidade e pressão estão constantemente mudando. As plantas, uma vez expostas à essas condições, estão sob influência direta das variações meteorológicas. Na live foi abordado de maneira específica como cada variável meteorológica influencia na pulverização.


Temperatura


Ambientes com temperaturas mais baixas tendem a ter uma atmosfera mais estável, isto reduz a taxa de evaporação das gotas minimizando perdas do produto. Já em altas temperaturas a taxa evaporativa da aplicação é muito maior, resultando em um aumento da perda de calda na operação.

É importante ressaltar que a planta responde ativamente às temperaturas diárias, por exemplo, em ambientes com temperaturas muito baixas, em torno de 6 ºC a 8 °C, o metabolismo da planta fica mais lento. Isso implica numa perda da eficiência do produto que não terá a devida absorção.


Vento


O Vento é o principal causador de deriva em uma pulverização. Em uma aplicação em condições inadequadas de vento pode ocorrer deslocamentos das gotículas para fora da faixa de operação.

Em ambientes com velocidade do vento alta e temperatura elevada a perda de produto pode ser muito maior, pois a elevada temperatura favorece a diminuição do diâmetro das gotas fazendo com que sejam deslocadas com mais facilidade pelo vento. Além disso, combinando com os efeitos de evaporação e deriva, pode ocasionar altos prejuízos ao produtor.

A direção do vento também deve ser considerada, pois sem a consulta de sua orientação há o risco de deposição de produtos em áreas indesejadas, como corpos d’água, ambientes preservados e fazendas vizinhas, podendo acarretar em problemas socioambientais.

Umidade Relativa


A umidade relativa representa a quantidade de vapor de água presente no ar em relação à quantidade máxima que o ar poderia reter na mesma temperatura. Ou seja, é um indicativo da quantidade de água presente na atmosfera, expresso em porcentagem.

Em ambientes secos, com baixa umidade relativa, as gotas suspensas no ar são evaporadas mais rapidamente. Já em casos de umidades relativa muito elevadas, podem aparecer camadas de água na superfície das folhas, o chamado ponto de orvalho, que pode comprometer a ação dos produtos devido à pouca adesão na planta.


3. Delta T como uma medida da evaporação do produto


Esta variável pode ser obtida a partir da diferença entre as temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido. A temperatura de bulbo seco é obtida de um termômetro comum que mede a temperatura do ar e o bulbo úmido é um termômetro com uma camada úmida em seu sensor.

O delta T nada mais é do que a diferença entre essas temperaturas, à medida que aumenta esta diferença significa que o ambiente está ficando mais seco e, por consequência, facilita o processo de evaporação das gotas no sistema agrícola.

Na figura abaixo a faixa amarela indica um Delta T recomendado para a aplicação, sem muitos riscos de evaporação da gota. Para uma análise mais completa é necessário verificar o Delta T junto com as outras variáveis atmosféricas.




Como exemplo, para uma temperatura de 25°C a faixa adequada de umidade relativa para aplicação seria de 45% a 85%, sendo este intervalo correspondente aos valores adequados de Delta T.


4. A inversão térmica e sua influência na pulverização


A Inversão térmica é um fenômeno meteorológico em que o ar próximo ao solo apresenta uma temperatura menor que as camadas de ar superiores. Esta condição impede o fluxo de massas de ar na atmosfera.

Com a inversão térmica, as gotas da calda demoram um tempo maior para chegar até a planta, pois ficam suspensas no ar, tornando-as mais propensas a sofrerem ação da atmosfera, como deriva ou evaporação.

Uma estratégia de mitigar os efeitos da inversão térmica é realizar uma pulverização noturna, devido à alta umidade relativa no sistema agrícola a noite.




A live trouxe um tema muito relevante, mas que ainda gera dúvidas entre os produtores. Com a disseminação de produtos cada vez mais voláteis no mercado, avaliar as condições meteorológicas antes da aplicação têm se tornado atividade obrigatória.


Gostou dos insights abordados e quer saber mais?


Clique aqui e assista a LIVE na íntegra.



Guilherme Mentone de Oliveira – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Thais Santos – Meteorologista (UNIFEI) e Mestre em Engenharia de Sistemas Agrícolas (ESALQ/USP).



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