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Colheita do algodão: conheça melhores práticas para uma operação de sucesso



EXPECTATIVAS PARA SAFRA


Neste mês de abril, segundo boletim [1] da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), já teve início a colheita do algodão - safra 2019/20 - em algumas regiões do Brasil. Para esta safra houve um aumento da área cultivada de 3,6% quando comparado à safra anterior, totalizando 1.670,8 mil hectares. O Mato Grosso novamente se configura como o maior estado produtor, com produção estimada em 4.968,5 mil toneladas, sendo responsável por mais de 60% da produção nacional.

As condições climáticas continuam favoráveis nesta safra, embora um excesso de chuvas tenha sido contabilizado nas últimas semanas de fevereiro em algumas regiões do Sudeste e Centro-Oeste. Isso, no entanto, não prejudicou o desenvolvimento da cultura – é esperado um rendimento de 7.057,5 mil toneladas de algodão, 1,6% superior em relação à última safra.

Embora as expectativas de produção sejam promissoras, o custo de produção teve um aumento significativo segundo relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) de 17 de Abril. O algodão ficou mais caro para produzir no MT, com um custo operacional de R$ 9.583/ha na safra 2020/2021, uma alta de mais de 5% em comparação aos custos da safra de 2019/2020 [2].


Ainda segundo o relatório do IMEA:

"(...) Para que o produtor consiga cobrir seus custos é preciso que negocie a sua pluma pelo menos a um preço médio de R$ 77,07/@. Alguns cotonicultores do estado ainda não começaram a travar seus custo para safra, podendo se refletir no futuro, principalmente, se o dólar continuar em altos patamares como tem se observados nos últimos meses." (IMEA, Abril 2020)

Neste cenário, uma colheita eficiente ganha ainda mais importância. Veja abaixo algumas boas práticas nesta etapa, que podem auxiliar o produtor a alcançar um algodão de melhor qualidade e, portanto, melhores preços no mercado.


ACOMPANHAR MAQUINÁRIO [3]


O desempenho das colhedoras deve ser sempre monitorado durante a operação, independente do modelo. É possível reduzir consideravelmente as perdas de acordo a calibração da colhedora, buscando a correção de possíveis erros durante o processo. Após a passagem da máquina, muitas plumas permanecem no solo junto à planta - considera-se como aceitável na colheita de algodão um índice de 10%, tendo como uma faixa ideal de 5 a 8%. Caso o operador observe um índice maior no solo é necessário parar a operação e realizar uma nova regulagem.


A velocidade de operação da máquina também influencia na eficiência da colheita. Em estudo realizado no Mato Grosso [4] observou-se que a uma velocidade de 3,6 km/h os índices de perda quantitativa do algodão foram menores quando comparados com uma velocidade de operação de 7,2 km/h. Com esses dados é possível inferir que uma faixa de operação de até 4 km/h possibilita baixos níveis de perda do algodão durante a colheita.

UTILIZAR REGULADORES DE CRESCIMENTO [3]


Para uma boa colheita, o tamanho da planta é essencial.

Por ser de crescimento indeterminado, o algodão pode atingir um porte não recomendado para a colheita. Para evitar este tipo de problema o uso de reguladores de crescimento é essencial para padronizar a altura e deixar o dossel uniforme. O ideal é que as plantas apresentem uma altura máxima de 1,3 m, facilitando assim a passagem da máquina e evitando tombamento.

A aplicação de reguladores deve levar em consideração o crescimento das plantas - sempre relacionando com o estádio fenológico. A primeira aplicação é realizada entre o aparecimento dos primeiros botões florais e o florescimento.

Recomenda-se que, além do acompanhamento fenológico, seja realizada uma relação entre a altura da planta e o número de nós da haste principal para guiar a aplicação de reguladores.

Dessa forma, a aplicação de reguladores é recomendada quando a relação "altura/número de nós" variar entre 3 e 3,5.

As aplicações subsequentes devem ser realizadas quando o algodão retomar seu crescimento, sempre atentando para relação anterior e a altura da planta.


UTILIZAR DE HERBICIDAS E DESFOLHANTES [5]


Uma das perdas mais sentidas pelos cotonicultores é na qualidade da fibra. É muito comum parte da massa vegetal estar junto das plumas quando se inicia o processo de colheita. Isto faz com que a fibra apresente um alto índice de umidade, e em alguns casos, o contato da fibra com a clorofila pode fazer com que um pigmento verde manche o algodão. Em ambas as situações se perde muito valor no produto. Nestes casos utiliza-se produtos desfolhadores para induzir a queda de folhas.

Recomenda-se realizar a aplicação de desfolhantes quando o dossel apresentar de 70 a 80% dos capulhos (frutos) abertos e as maçãs mais novas já estiverem maduras. A desfolha varia de 7 a 15 dias e, após finalização do processo, deve-se iniciar imediatamente a colheita, para evitar perda de qualidade da fibra. Para grandes áreas recomenda-se um escalonamento de áreas para aplicação, levando em consideração a disponibilidade de mão de obra, produto e maquinários.


MONITORAR CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS IDEAIS [6]


A colheita do algodão sofre influência direta das variáveis meteorológicas. Por exemplo, a abertura do capulho só ocorre em dia com alta incidência de radiação solar.

Além disso, ambientes úmidos prejudicam a colheita e a qualidade da fibra sendo necessário, portanto, realizar a operação após a formação de orvalhos e em dias secos sem probabilidade de chuvas. É por razões como estas que o monitoramento da lavoura por meio de estações meteorológicas localizadas é essencial para garantir uma colheita de qualidade.


Clique aqui e conheça as estações meteorológicas Agrosystem.



Neste post exploramos algumas estratégias que podem ser adotadas para uma tomada de decisão mais assertiva durante a colheita do algodão. Lembre-se, todas as práticas apresentadas devem ser acompanhadas por um treinamento dos operadores rurais a cada safra, a fim de garantir a eficiência da sua colheita.


E você, quais práticas adota em sua colheita de algodão? Você segue algumas das estratégias acima? Conta pra gente nos comentários, sua opinião é muito importante.


Até o próximo Post!


Guilherme Mentone de Oliveira – Engenheiro Agrônomo, pela Universidade Federal de São Carlos.


Referências

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